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Com que frequência devo fazer consultas dentárias de controlo?

 

Até há algumas décadas, uma ida ao dentista era vista como uma solução de último recurso. Acontecia quando a dor de dentes já estava estabelecida e servia para tratar problemas orais já avançados, o que resultava em soluções invasivas e radicais. O cuidado com os nossos dentes e boca deve ser constante, com acompanhamento profissional regular, assim como se faz com todas as outras áreas da saúde. Hoje em dia, sabemos que a melhor forma de evitar doenças orais passa por adoptar um estilo de vida saudável, hábitos de higiene oral diários e por visitas regulares aos profissionais de saúde oral. Ainda assim, o que é que podemos considerar uma visita regular? Será essa periodicidade igual para todos os pacientes?

A determinada altura, as organizações de saúde sentiram necessidade de estabelecer directrizes gerais de prevenção. Nesse sentido, com a informação disponível, optaram por recomendar que as pessoas visitassem o seu dentista duas vezes por ano para fazerem os exames de diagnóstico necessários de forma a verificarem o estado da sua boca e procederem à “limpeza”. Actualmente, esta regra pode gerar algumas dúvidas nos pacientes uma vez que, se tiverem problemas específicos ou foram sujeitos a tratamentos mais complexos, o intervalo pode diminuir, havendo necessidade de fazer consultas mais regulares. É importante perceber que não existe um intervalo entre consultas dentárias de controlo que se aplique invariavelmente a todas as pessoas: a periodicidade desejável varia de paciente para paciente e depende de vários factores de risco ou fases de tratamento:

- Pacientes com doença periodontal devem fazer consultas de controlo com intervalos menores de tempo (cerca de 3 ou 4 meses), dependendo da situação inflamatória e nível de autocontrolo de placa bacteriana, com o objectivo de evitar que haja progressão rápida da perda óssea em redor dos dentes;

- Pacientes com maus hábitos de higiene oral ou pacientes fumadores apresentam muitas vezes comprometimento da estética devido à acumulação de cálculo e/ou manchas dentárias. Nesses casos poderão ter necessidade de fazer consultas de higiene oral mais regulares para verem restabelecida a harmonia do sorriso;

- Alguns pacientes apresentam maior predisposição ao desenvolvimento de cárie. Nesses casos poderá ser feito um acompanhamento mensal que permite motivar e melhorar o autocontrolo de placa bacteriana e são monitorizados outros factores que contribuem para a evolução das cáries, como por exemplo o pH da saliva e os hábitos alimentares. São também controladas as situações que possam exigir tratamento: restaurações que necessitem de ser refeitas, presença de novas cáries e acompanhamento das lesões de cáries iniciais;

- Pacientes em tratamento ortodôntico fazem consultas mais frequentes, podendo ser mensais ou até quinzenais, para a manutenção dos aparelhos e, nesses casos, devido a uma maior dificuldade na higiene oral diária pela presença dos componentes dos aparelhos ortodônticos (tubos, brakets, fios, molas, ligaduras elásticas, etc…) recomendam-se novamente consultas de higiene oral mais regulares para evitar problemas gengivais e cáries dentárias durante o tratamento e para que, aquando da remoção dos aparelhos, não haja necessidade de tratamentos adicionais.

- Quando existem doenças sistémicas crónicas como problemas cardíacos, respiratórios ou até do foro hormonal, como a diabetes, uma boa saúde oral assume grande importância. A evidência científica mostra de forma clara a relação entre as bactérias da placa bacteriana mais agressiva do ponto de vista periodontal e cariogénico e o aparecimento de outros problemas de saúde geral e vice-versa. Pelo que o médico dentista ou o higienista oral pode aconselhar em determinadas situações consultas de controlo mais regulares.

- Quando existem tratamentos de reabilitação dentárias com próteses, implantes ou coroas fixas, há necessidade de acompanhamento regular higiénico antes e após os tratamentos para garantir as melhores condições de higiene oral na cavidade oral e o sucesso a longo prazo dos tratamentos efectuados.

Uma vez estabelecido um intervalo de controlo pelo seu médico dentista ou higienista oral, faça os possíveis por cumpri-lo. Dessa forma, a sua saúde oral será acompanhada ao longo do tempo, poderá esclarecer regularmente dúvidas sobre qualquer procedimento e, acima de tudo, garantir que as suas consultas não são dedicadas a tratamentos, mas sim à prevenção e à manutenção de uma saúde oral perfeita.