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O impacto da COVID-19 na Saúde Oral

Em janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde identificou a COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, como uma emergência global. Os fatores de risco já identificados para o desenvolvimento de complicações decorrentes de uma infeção por este vírus são a idade, o sexo e comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, obesidade e doenças cardiovasculares.

Para além dos sintomas mais comuns da COVID-19, há também outros reportados que estão interligados com a cavidade oral, nomeadamente, disgeusia/hipogeusia/ageusia (perda parcial ou total do paladar), lesões da mucosa oral (zona gengival) – úlceras, pequenas bolhas, gengivite descamativa –, infeções fúngicas (por exemplo, candidíase), etc. Os locais mais frequentes são a língua, palato, lábios, gengiva e mucosa bucal. Em casos leves, as lesões da mucosa oral podem desenvolver-se antes ou ao mesmo tempo que os sintomas respiratórios iniciais. Contudo, também há casos em que esses sintomas podem desenvolver-se 7 a 24 dias depois. No entanto, ainda é incerto se as manifestações orais podem ser resultantes da infeção direta por SARS-CoV-2 ou uma consequência sistémica, dada a possibilidade de coinfeções, comprometimento do sistema imunológico e reações adversas do tratamento médico.

Investigadores têm tentado estudar de que forma a presença de uma elevada carga bacteriana, aliada a este vírus, poderá influenciar o aparecimento de maiores complicações, como pneumonia, septicémia, dificuldades respiratórias, etc. Esta relação deve-se ao facto de os fatores de risco que originam maior gravidade da doença COVID-19 também serem os que causam desequilíbrios no meio oral.

A doença periodontal ou periodontite é uma doença inflamatória oral crónica que afeta os tecidos que suportam os dentes, ou seja, a gengiva e o osso. É causada pela presença de bactérias prejudiciais a estes tecidos e que, em último caso, se não for controlada, pode levar à perda de osso e consequente perda de dentes. Um estudo de 2021 verificou que a periodontite está associada a maior risco de admissão na unidade de cuidados intensivos, necessidade de ventilação assistida e morte de pacientes com COVID ‐ 19. Esta investigação identificou que o risco de complicações COVID ‐ 19 foi significativamente maior entre os pacientes com periodontite moderada a grave, em comparação com aqueles com periodontite mais leve ou sem periodontite.

Mas de que forma as bactérias orais podem piorar o prognóstico da COVID-19? A sua presença pode originar superinfeções, em que há disseminação dessas bactérias para os pulmões e restantes estruturas, originando falência de órgãos, muito comum nos casos graves de doentes internados em cuidados intensivos.

Dada a importância deste tema, investigadores já têm tentado estabelecer uma relação entre a melhoria da saúde oral e a redução do risco de complicações da COVID-19. Assim, recomenda-se que a higiene oral deva ser mantida, se não melhorada, durante uma infeção por SARS-CoV-2, para tentar reduzir a carga bacteriana na boca e o risco potencial de uma superinfeção. Este reforço de medidas tem extrema importância em pacientes com diabetes, hipertensão ou doença cardiovascular. Para tentar minimizar o risco de infeção viral entre co-habitantes da mesma casa, há medidas que devem ser implementadas, nomeadamente, não compartilhar uma escova de dentes ou o mesmo tubo de pasta de dentes, não compartilhar o copo onde a escova de dentes está armazenada, desinfetar a escova de dentes após cada uso e trocar a escova de dentes após a cura da doença.

O confinamento recomendado devido à pandemia de COVID-19 mostrou ter impacto nas consultas médico-dentárias e nos níveis de ansiedade dos pacientes. As pessoas optaram por adiar tratamentos, piorando significativamente a sua saúde oral, originando mais episódios de urgência e descompensações por não fazerem visitas regulares ao seu médico dentista. O facto de se passar a usar máscaras de proteção e de haver mais tempo passado em casa fez com que houvesse maior descuido na higiene oral dos pacientes, agravando todo o panorama da saúde oral.

Nos consultórios dentários, muito se tem feito para demonstrar aos pacientes que é seguro ir ao médico dentista. Desde sempre que o médico dentista lida com protocolos de desinfeção e esterilização apertados, apresentando variados equipamentos de proteção individual, uma vez que sempre esteve em contacto direto com potenciais infeções por bactérias e vírus. Esta pandemia apenas veio reforçar os meios de atuação. O consultório é, por isso, um meio seguro para o profissional e para o paciente.

Assim, tomando consciência da importância da contenção desta pandemia, mas não esquecendo as outras doenças que também são muito prevalentes, é importante relembrar a saúde oral, não descurando tratamentos essenciais e apelando sempre à prevenção, através da higiene oral.

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