A chupeta
O hábito de sucção de chupeta é considerado prejudicial à oclusão dentária, sendo diversas vezes relacionado à etiologia de manutenção dos diastemas entre os incisivos centrais superiores.
Os hábitos, de uma maneira geral, são automatismos adquiridos que, devido à prática constante tornam-se inconscientes e formam padrões de contração muscular aprendidos. Para o recém-nascido, a sucção garante a sobrevivência e promove o desenvolvimento neuromuscular do sistema mastigatório. Dependendo do tipo de amamentação e se a necessidade desta amamentação foi ou não suprida tem se repercussão na oclusão, no padrão respiratório e nos hábitos de sucção. A partir daí, a criança pode desenvolver o hábito de sucção por si só (sucção de dedos) ou se lhe for ofertada, a sucção da chupeta.
A necessidade de sucção cessa a partir dos 8 meses de vida, fase em que devem ser incorporados os primeiros movimentos mastigatórios. Nesta fase, teoricamente, não há mais necessidade de chupeta ou de biberão. Entretanto, a chupeta é eleita para uso indiscriminado por imposição cultural e parece fazer parte do enxoval do bebé. Da mesma forma como outros hábitos deletérios, a chupeta pode levar ao estabelecimento de maloclusões principalmente durante a fase de crescimento. Porém, o hábito de sucção nem sempre provoca maloclusão uma vez que está na dependência de factores da chamada Tríade de Graber: frequência, duração e intensidade do hábito. Em relação à duração, sabe-se que o tempo requerido para desenvolver a maloclusão em decorrência da pressão contra os dentes deve ser de, pelo menos de 4 a 6 horas por dia, para resultar em movimento dentário.
Com o hábito prolongado de sucção de chupeta, o equilíbrio neuromuscular é interrompido, o estado de oclusão é alterado e a maloclusão desenvolve-se como uma consequência da combinação da pressão directa da chupeta sobre os dentes e o desequilíbrio de forças em repouso dos lábios e bochechas, quebra do equilíbrio muscular entre os lábios, bochecha, língua e pela presença de obstrução mecânica entre os dentes.
De entre os efeitos provocados pela sucção, tem-se uma maloclusão caraterizada por incisivos superiores separados e projetados, posicionamento lingual dos incisivos inferiores, mordida aberta anterior, arcada dentária superior e pavimento mais estreito e abóbada palatina profunda, em função do transtorno no sistema de força no complexo nasomaxilar, impossibilitando o pavimento nasal de estabelecer o crescimento vertical normal. Podem ainda estabelecer-se relação Classe II de Canino, relação molar de degrau distal, mordida cruzada posterior, incompetência labial, pressão da língua aumentada e defeitos da fonação.
