Como a dieta de uma criança pode afetar o crescimento e o desenvolvimento facial
"É impressão minha, ou parece que todas as crianças precisam de aparelhos hoje em dia?" Esta é uma questão comum que a maioria de nós ouve dos pais. A resposta simples é que sim, muitos se não a maioria, de facto precisam de algum nível de intervenção ortodôntica. A pergunta mais complicada é porque é que isto é tão prevalente?
Há cada vez mais evidências de que alimentos processados e geneticamente modificados poderão contribuir para este aumento das anomalias faciais e orais. Embora isto possa parecer ser uma constatação nova para alguns, na verdade já desde o início do século passado que se começou a discutir como as nossas dietas ′′modernas ′′ estão a afetar o crescimento e o desenvolvimento dos rostos das nossas crianças.
A verdade é que as crianças dos países desenvolvidos apresentam com muita frequência as faces estreitas e longas, mandíbulas pouco desenvolvidas, postura dianteira do pescoço e dentes muito apinhados. Por outro lado, em culturas primitivas cujas dietas estão completamente livres de alimentos modernos processados, as crianças apresentam sorrisos largos livres de qualquer apinhamento, postura de crânio ou cabeça adequada e rostos e mandíbulas totalmente desenvolvidos.
O que é ainda mais interessante saber, é que em determinados estudos em que foi analisada a introdução de açúcares refinados, farinhas e alimentos enlatados, numa determinada geração, foi verificado que estas pessoas começaram a desenvolver muitos dos mesmos problemas faciais e dentários que observamos nos países desenvolvidos.
Mesmo com as recentes apelações para uma dieta mais orgânica e natural, hoje o cidadão comum come alimentos embalados cheios de ingredientes processados e geneticamente modificados. Então o que é que isto tem a ver com a forma como a nossa face ou dentes se desenvolvem? A resposta está principalmente na forma como mastigamos e como as vias aéreas estão comprometidas devido à reação que o corpo humano tem a estes alimentos.
Numa dieta mais líquida ou mole, o paciente não tritura os alimentos e não estimula corretamente o desenvolvimento dos músculos e ossos da face. Além disso estudos descobriram que os alimentos combinados com pesticidas pulverizados e alimentos processados podem, em muitos casos, causar inchaço reativo das amígdalas e adenóides que bloqueiam as vias respiratórias e causam ′′ respiração oral ′′ e uma posição não natural da língua. Para compensar, a cabeça avança para abrir as vias aéreas e aumentar a entrada de oxigênio. Isso, por sua vez, faz com que certos músculos dominem o crescimento facial o que leva a rostos longos, dentes apinhados e mordidas profundamente fechadas.
Num outro estudo, verificou-se que em todos os casos de obstrução grave das vias respiratórias, após a remoção das amígdalas e adenóides, a face da criança e os dentes iriam rapidamente voltar a uma posição de desenvolvimento mais normal. Curiosamente, muitas destas mesmas crianças já não sofreriam de outras condições médicas como hiperactividade e deficit de atenção, Alergias Crónicas e Asma.
Hoje, é mais importante do que nunca adotar uma abordagem holística sobre estas questões, incorporando uma perspetiva ortodôntica ao mesmo tempo que avalia possíveis alergias alimentares e o seu efeito nas amígdalas, adenoides e respiração correta.
Então, sim, muitas das crianças de hoje precisam de ortodontia, mas talvez mais importante que isso é ter a consciência de como a dieta está interligada com a saúde e bem estar geral! Além disso, o Odontopediatria, o Ortodontista ou o Médico Dentista generalista é muitas vezes quem vai observar o crescimento da face da criança, contudo, ele deveria, conforme cada caso específico, consultar seus colegas Otorrinos, Pediatras, Alergologistas e Terapeutas da fala, para ter maiores condições de promover um desenvolvimento facial correto evitando complicações tanto na cavidade oral como facial do paciente. O tratamento precoce evitará que futuramente seja necessário um tratamento ortodôntico corretivo ou às vezes até cirúrgico.
